Pages

Tuesday, September 23, 2014

a mulher e os relacinamentos #1 distância

Quando eu decidi fazer meu intercâmbio, pela primeira vez, meu namorado da época disse com firmeza que não me esperaria, onde já se viu namorar a distância? Não fazia sentido nenhum na cabeça dele perder a oportunidade de transar sempre que queria e ainda assim continuar num compromisso de relacionamento. Sim, eu acredito que era mesmo essa ideia dele, mas o porque disso, deixo para outro post. E então, para não perder o namorado, desisti da idea naquele momento.

E não foi diferente com o um outro namoradinho que arrumei na época que havia decidido finalmente colocar um carimbo no meu passaporte. No começo, dizia que me esperaria sim, mas quando viu a veracidade e a realidade chegando mais perto a cada dia, desistiu também. E eu, sofri muito com essas duas situações.

Os planos do intercâmbio iam de vento em popa, quando meu atual namorado, apareceu na minha vida me chamando para um 'date' (encontro, em inglês). Nós já éramos amigos antes e o fato dele querer se aproximar a mim num aspecto "romântico" causou certos desentendimentos com algumas pessoas, e além de outras 'desculpas', a máxima era que eu ia embora do país por um determinado tempo. "Quem começa um relacionamento com uma pessoa sendo que ela vai embora do país?"



As pessoas achavam quase um absurdo começar a namorar sabendo que eu ia para fora do país. Daí a minha indignação vai além do fato de muito machismo estar presente nessas situações, mas como que perdemos a capacidade de confiar e ser confiável ao ponto de não podermos deixar o nosso parceiro longe, pois boa coisa não irá acontecer? Sério que chegamos nesse ponto? Nave-mãe, por favor, venha me buscar.



Claro que, muitas dessas frases que ouvi era, "ah, mas você acha mesmo que ele vai conseguir te esperar?" e eu sabia muito bem o que essa frase queria dizer, era praticamente uma afirmação de que nenhum homem na terra é capaz de ficar um longo tempo sem ter relações sexuais. Mesmo quando respondia que ele deveria saber guardar o que ele tem no meio das pernas ouvia, "ah, mas é homem né?" só para confirmar aquilo que eu já tinha certeza.

O que me deixa boquiaberta é que é esperado que a mulher espere por seu homem quando ele vai se ausentar, ou precisa viajar por qualquer motivo que for, e, caso ela não faça isso, sua 'reputação' vai abaixo e tudo sua culpa. Porém quando invertemos essa posição, ninguém espera que o homem realmente cumpra com a sua parte do compromisso e também se mantenha longe de qualquer relação com outras mulheres (ou homens), e caso isso aconteça, a culpa também é da mulher que saiu de sua posição de esposa para 'ir cuidar de sua vida' e não está ali para satisfazer o homem.

E agora quando falo que eu quero mudar de país de novo são duas perguntas em sequência: "e o seu namorado? ele deixa?" "mas vocês estão bem?". As pessoas tendem a achar que quando estamos num relacionamento, somos propriedade da outra pessoa e vice-versa, mas viver num relacionamento desses, pra mim, é doentio. Claro que, se realmente você aprecia a outra pessoa e leva a opinião dela em consideração, decisões desse tipo devem ser feitas em conjunto, não é como pedir permissão da mãe para ir numa festa quando você ainda é uma criança, mas isso também é outra história.

Ainda não consigo entender como somente uma pessoa, no caso, a mulher, é considerada culpada por todos os problemas que um casal possa ter. Você já se sentiu culpada por seu companheiro ter te traído? Você acha mesmo que é sua responsabilidade a atitude do outro? Caso o casal não tenha decido pelo poliamor, você acha que deve ser responsabilizada por uma traição do seu parceiro por você não estar presente fisicamente na vida dele a todo momento?

Dizem por aí que lugar de mulher é ao lado do homem, eu já acho que lugar de mulher é onde ela quiser estar.

um beijo e um queijo! ;)

Saturday, September 20, 2014

Beyoncé e o feminismo: a nova treta

Eu sou uma fã assumida da Beyoncé, bem antes de descobrir o real significado de certas músicas dela e acho que ela é uma grande influência na minha vida como artista e como pessoa. Há muito tempo ela mostra ao mundo como ela não se curva a certas 'regras'.



Antes mesmo de eu descobrir o que era feminismo, já era louca pelas letras de "Independent Woman" e "Bootylicious" que exaltam a independência financeira e a beleza natural da mulher. Mesmo que eu não ache que ela é um ícone máximo do feminismo, tenho que concordar que ela vem trazendo o tema para o mundo de uma forma que nenhum outro artista o fez. Provavelmente você não deve ter ouvido falar de Chimamanda Ngozi Adichie antes de ouvir parte de seu discurso sampleado em ***Flawless, bem, eu não tinha idéia de quem era essa mulher. Quando ouvi o pequeno pedaço de seu discurso, meu cérebro deu três voltas e não sosseguei enquanto não procurei quase tudo sobre essa mulher.

Li bastante sobre isso antes de vir escrever por aqui, principalmente depois da sua apresentação do VMA, o que mais temos por aí são publicações sobre o feminismo e o não feminismo da Beyoncé. Li críticas sem senso nenhum a críticas que concordo e já compartilhava da mesma opinião, mas me dizer que ela não representa o feminismo, soa ingênuo.

O feminismo é um movimento para a liberdade, pela liberdade de sermos quem somos, de sermos imperfeitas, e daí acabar com mais um estereotipo de "esse feminismo é certo e esse é errado" faz com que tudo o que reivindicamos vá direto para o ralo.

Lembra quando eu falei ali sobre Bootylicious? Ela faz parte do álbum Survivor do grupo Destiny's Child, mesmo album que têm a música "Nasty Girl" que é um hino machista cantado pela minha musa. Até aí, nessa época, eu também achava que as meninas que se vestiam com roupas curtas eram vadias, e minha opinião mudou (e muito!) sobre isso e outras questões. A mesma coisa acontece com as duas músicas Independent Woman pt 1 e pt 2, sendo "Bills, Bills, Bills" um dos maiores sucessos do grupo. Soa meio incoerente? Sim, mas atire a primeira pedra quem é a rainha da coerência.

Tem gente que diz que sua hiper sensualidade é um defeito, que ela usa o corpo para vender, para se sentir melhor e desejada pelos homens e mulheres. Bem, eu discordo. Eu vejo uma mulher que não usa a sua sensualidade, mas que a sente, a explora e a expõe. Qual o problema de me sentir gostosa e querer mostrar isso pra todo mundo? Se existe um problema, é o mesmo que eu ter a minha opinião e estar expondo-a aqui no blog. O problema que eu enxergo é essa coisa que querem que a gente acredite que não podemos usar nosso corpo para nos satisfazer, indo por esta linha de pensamento, 'meu corpo, minhas regras' cai mais rápido que castelo de areia.

Falando de seu mais recente álbum auto intitulado, Blow é literalmente uma explosão de como ela lida com sua sensualidade, como ela sabe explorá-la e não se sentindo reprimida por isso. Como falar de sua apresentação e então associá-la a objeto sexual? Ela celebra o corpo e a beleza que têm, rebolando e exaltando a sua bunda nas nossas caras desde 2001. Ela se mostra como um ser sexual e isso incomoda as pessoas, não é bem aquilo que esperam de uma mulher. Como Chimamanda diz "mulheres são seres sexuais e sendo donas de seu corpo e seus desejos, não são objetos, são sujeitos". Dizer que o feminismo de Beyoncé é menor do que o da Valesca Popozuda, por exemplo, é a tentativa de padronizar algo que repudia padrões.



Tanta afirmação não é a toa, ela não nasceu loira e rica, mas sim negra e de classe média. Isso não quer dizer que a vida dela hoje ainda seja difícil, mas não foi sempre assim. Além de enfrentar muito preconceito por ser mulher e querer ser artista (sim, isso ainda existe até hoje), ela é negra e sim, ainda existe muito preconceito racial, mesmo que preferimos não aceitar o problema. E não me venha argumentando que isso é narcisismo, por simplesmente não cola. Experimente dizer isso para uma garota negra que todos os dias reafirma sua beleza num mundo onde as mulheres consideradas mais bonitas e sexys são brancas, loiras e magérrimas. 



Também vi por aí falando sobre o fato dela ter usado o sobrenome do marido na sua ultima turnê solo. Até onde eu li e sei, não sou proibida de casar, ser feliz e me orgulhar da pessoa que tenho ao meu lado, por que tenho que me repreender e não dar valor a pessoa que está ao meu lado, pelo simples fato de ser um homem? Isso me faz menos feminista, menos mulher? Eu acho que não. 
A partir do momento que eu sou obrigada a recusar minhas próprias vontades e impor um orgulho besta contra os homens, novamente não estou sendo livre, estou seguindo (mais) um padrão imposto por alguém.



O trecho em que Jay Z aparece em "Drunk in love" é cheio de contradições feministas. Como então considerá-la um ícone sendo que em uma música sua, ela deixa seu marido dizer que "vai enfiar um bolo em sua cara para que você coma" (alusão a situação de agressão sofrida por Tina Turner pelo seu então marido e empresário e ter a obrigado a comer um bolo). Beyoncé e Jay Z não são só parceiros, eles são artistas, então cada um explora certos temas, e o fato de cada um respeitar o trabalho do outro é uma bela demonstração de respeito, embora as pessoas não saibam exatamente como respeito realmente funciona.

Pra mim, fica um pouco complicado escrever este post, pois ao me assumir fã dela, as pessoas podem achar que isso tudo é apenas uma fã defendendo seu ídolo, pode ser que eu seja mais agressiva em algumas defesas, mas não fecho os olhos para os 'gaps' que vejo em seu caminho, mas todos nós temos nossas imperfeições e é exatamente isso que nos faz perfeitos.

um beijo e um queijo! ;)

Friday, September 5, 2014

a menina que não sabia usar saias.

Quando eu era criança, minha mãe sempre me fazia vestidos coloridos sempre fui cheia de bonecas e um dia descobri a paixão por Barbies. Meu cabelo sempre longo, na altura da cintura quando eu esquecia de reclamar de seu tamanho.

Fui ensinada, como a minha irmã, a fazer a cama, lavar a louça e ter de me portar como uma menina, portanto, a parte dos vestidos sempre foi meio complicada, mais um motivo para não poder ficar sozinha com meninos e também não podia aparecer sem roupa ou de biquini perto do meu próprio pai.
Sabe, eu nunca entendi isso tudo muito bem. Eu via que era cercada de regras a modo de me diferenciar dos meninos, por mais que eu gostasse de Barbies, também gostava dos carrinhos. Também nunca me ensinaram nada sobre sexo, ou sobre "virar mocinha", mas eu não culpo minha mãe, a vida dela não era sido nada fácil quando tinha a minha idade e provavelmente ela não deve ter tido tal conversa com minha avó.

Na escola eu era um alvo fácil de zoação, hoje chamado de bullying. Magrela, com cabelos encaracolados e óculos fundo de garrafa. E eu tinha um misto de sentimentos: queria ser a garota bonita e popular que todos gostavam e ao mesmo tempo queria ser eu. Por mais que eu me achasse bonita e atraente, não era o tipo de garota que atraia olhares, era desengonçada e não via diferença entre mim e o coleguinha masculino.
Como que por osmose, com a galera da escola, aprendi que as meninas não deviam ficar com vários meninos, mas ao mesmo tempo era pressionada por ser BV (boca virgem), coisa que eu negava veemente.

Eu gostava de jogar bola, atitude que não era tão bem vista aos olhos do meu pai. E nem aos olhos dos meninos da rua. Rua que, eu só pude sair, aos 15 anos quando mudamos de cidade. São Paulo sempre foi muito violenta para uma menina. Para a loucura da minha mãe e pai, preferia estar com os meninos por não me dar muito bem com meninas.

Com o tempo, os relacionamentos surgiram, mas nunca me senti como propriedade de alguém. Mesmo com parceiros machistas, sempre me mantive na mesma posição. Passei por milhares de brigas por causa da minha roupa, por querer sair sozinha, por dançar demais, por falar demais, por não me sentir diminuída e submissa por ser mulher.
Quando quis entrar para a faculdade, fui questionada por não escolher secretariado, já que ser secretária seria uma excelente profissão a seguir, você sabe, mulheres são ótimas nessa posição.

Fui julgada por outras mulheres com todos aqueles subjetivos que estamos cansadas de ver por ai, já disseram que sou fácil, que sou apenas para diversão, que não deveriam perder tempo comigo. Já vi, algumas vezes, outras mulheres disputarem, me ofenderem e brigarem comigo por causa de homens, pela sua atenção e pela posição de estar ao lado deles.
Não nego que também já tive meus momentos de xingar e até mesmo "difamar" outras meninas pelo mesmo motivo, não me envergonho, eu não sabia o que eu estava fazendo, assim como não culpo aquelas que ainda são cegas pela falsa guerra feminina pelo sexo masculino.

Então, há pouco tempo atrás, me descobri como feminista e toda essa história só me fez ver o quanto nosso meio é influenciado pelo patriarcado. Acredito que essa história seja semelhante para algumas meninas de classe média brasileira da minha geração. Porém dificilmente no mundo outras meninas têm ou tiveram a oportunidade que eu tive em diferentes situações. E ainda me perguntam porque existe e porque sou feminista. Na minha própria família já fui alvo de deboche por conta da minha posição, e infelizmente, o deboche com mais ênfase veio de mulheres.

Me dói ver todos os dias, como essa imposição de submissão afeta tantas mulheres e homens, mas ainda parece uma cortina invisível, como se ninguém quisesse enxergar realmente a causa de tantos problemas.
Por isso decidi usar esse espaço para palavrear a minha luta diária, compartilhada com tantas outras meninas e meninos, mulheres e homens, seres humanos que entendem a importância de serem livres e iguais.


Se você chegou até aqui, meu muito obrigada e espero você durante a minha jornada!







um beijo e um queijo!



PS: Esclareço que este blog não será utilizado para falar apenas de feminismo, mas de vários assuntos que façam parte do meu dia a dia e que, de alguma forma, sejam, para mim, importantes o suficiente para aparecerem por aqui, sempre com alguma pitada de humor! :)

Thursday, September 4, 2014

venho por meio deste

olá,

venho por meio deste me apresentar como uma aspirante a blogueira tentando achar alguma coisa que realmente "faça sentido nesse mundo louco com o coração partido"...
eu poderia começar aqui falando meu nome, idade, formação, experiência profissional, o que eu quero da vida e quais são as minhas coisas favoritas, mas daí percebi que esse é o meu script para entrevista de emprego, então, não rola.

então, sobre o que realmente eu quero falar? ah, isso não é o tipo de pergunta que se faça antes de criar uma intimidade não é mesmo? mas tudo bem, eu respondo numa boa e com apenas uma palavra: tudo!
tudo aquilo que eu esteja propensa a, em certo momento. quero que esse seja um espaço onde eu possa palavrear minhas ideia, desde as mais malucas as mais sensatas. onde eu possa ouvir e ser ouvida, de alguma forma.
prefiro falar daquilo que eu não sei explicar, sabe? sair um pouco da zona de conforto e ficar olhando para o cursor piscando sem saber exatamente qual palavra encaixa melhor para formar a primeira frase.

fez sentido?