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Wednesday, March 4, 2015

O amor e ódio nosso de cada dia

Existe uma linha tênue entre  alguns tipos de sentimentos, o que dificulta descobrir quando um termina e o outro começa. Algumas relações de amor e ódio são tão intensas que o sentimento se mistura, perdendo totalmente a barreira que os separam. embora sejam diferentes, parecem tão iguais, tão completos juntos que já não imagino um sem o outro.

Vivo essa relação todos os dias, com aquela frequência alternada, com muitos altos e baixos. A típica relação que te consome, te suga, te dá prazer, alegria e depois te pisa e te faz de gato e sapato.

Fazem alguns anos que eu vivo assim, não consigo viver longe dessa coisa que no fundo, tanto me maltrata. Mas eu preciso dele, a vida jamais seria a mesma sem a sua presença e o medo do desconhecido, medo da mudança me fazem continuar dia após dia. Sei que não sou a única que mantêm esse tipo de relacionamento em suas vidas, as vezes até mais de um. Vão levando a vida por anos e anos, empurrando o relacionamento por puro comodismo, ou pelo prazer que ele pode proporcionar em alguns poucos momentos.

Conheci poucas pessoas que são verdadeiramente felizes em seu relacionamento, que consegui enxergar o brilho no fundo dos olhos, as atitudes simples, aquela leveza da alma que dá alegria e paz ao presenciar. Infelizmente, não são muitas. Principalmente no meu estado/cidade.

E o ciclo parece interminável, desde de pequenos aprendemos que essa é a receita da galinha dos ovos de ouro. Aprendemos que devemos nos entregar de corpo e alma, que devemos dedicar tempo e energia nesse relacionamento e que, tudo bem se o outro não reconhecer os seus atos, é assim que é e pronto.  Nem todos tem o mesmo desempenho, nem todos tem a mesma compaixão. Nos ensinam que não somos fortes o suficiente para quebrar essa barreira para deixar de sofrer, deixar de sobreviver. "Vida que segue, a gente vai sobrevivendo", já me disseram.

Então, todos os dias quando ao abrir os olhos e exergo o mundo a minha frente, vejo pessoas cansadas, pessoas maltratadas, amarguradas, aflitas e com pressa. Muita pressa.
Pressa para que o dia acabe e que tudo acabe, pressa para chegar primeiro, pressa para a vida simplesmente passar. A pressa acaba com a alegria de viver. E essa pressa vem desse sentimento de amor e ódio, desse relacionamento que um sempre dá mais que o outro, um sempre recebe menos que o outro.

Então, todos os dias que acordo sonolenta, já com pressa ao me vestir e pegar o meu crachá da firma, penso: maldito capitalismo, não quero mais você, mas ainda não sei viver sem você.